Afetividade
A afetividade poder ser conceituada como todo o
domínio das emoções, dos sentimentos das emoções, das experiências sensíveis e,
principalmente, da capacidade de entrar em contato com sensações,
referindo-se às vivências dos indivíduos e às formas de expressão mais
complexas e essencialmente humanas .
Criador
da Epistemologia Genética, Piaget (1896-1980) reconheceu que a afetividade é o
agente motivador da atividade cognitiva. Para Piaget, a afetividade e a razão
constituiriam termos complementares: “a afetividade seria a energia, o que move
a ação, enquanto a razão seria o que possibilitaria ao sujeito identificar
desejos, sentimentos variados, e obter êxito nas ações” .
Para
Vygotsky (1896-1934), o desenvolvimento pessoal seria
operado em dois níveis: o do desenvolvimento real ou efetivo referente às
conquistas realizadas e o do desenvolvimento potencial ou proximal relacionado
às capacidades a serem construídas. Vygotsky é considerado, muitas vezes, cognitivista por ter
se preocupado principalmente com os aspectos do funcionamento do pensamento.
Entretanto, questionava o dualismo entre as dimensões afetivas e cognitivas
quando menciona que a psicologia tradicional peca em separar os aspectos intelectuais
dos afetivos-volitivos. Vygotsky afirmava que “os processos pelos quais o afeto e o
intelecto se desenvolvem estão inteiramente enraizados em suas inter-relações e
influências mútuas” .
As
contribuições de Wallon, Piaget e Vygotsky
estão sendo retomadas pelos educadores para entender a
percepção intuitiva de pais e professores de que as experiências e os laços
afetivos influenciam os processos de ensino-aprendizagem.
Na
educação de abordagem construtivista, a preocupação
com o a forma de ensinar passa a ser tão importante quanto o conteúdo a ser
ensinado. Por isso, a intensificação das relações, os aspectos afetivos
emocionais, a dinâmica das manifestações e as formas de comunicação passam a
ser pressupostos para o processo de construção do conhecimento.
A afetividade também é concebida como o conhecimento construído
através da vivência, não se restringindo ao contato físico, mas à interação que
se estabelece entre as partes envolvidas, na qual todos os atos comunicativos,
por demonstrarem comportamentos, intenções, crenças, valores, sentimentos e
desejos, afetam as relações e, conseqüentemente, o processo de aprendizagem.
Perceber o sujeito como um ser intelectual e afetivo, que pensa e
sente simultaneamente, e reconhecer a afetividade como parte integrante do
processo de construção do conhecimento, implica um outro
olhar sobre a prática pedagógica, não restringindo o processo
ensino-aprendizagem apenas à dimensão cognitiva.